quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Cuidado com a Próstata

Resumo
A próstata é o maior causador de cancer entre homens. Deixe seu preconceito de lado e cuide da sua saúde.
Devo mesmo consultar um urologista para isso?
A consulta com o urologista tornou-se uma rotina nos dias de hoje. O câncer de próstata é o tumor maligno mais detectado no sexo masculino e atinge grande parcela da população após os 50 anos. A utilização dos novos meios de diagnóstico e tratamento do câncer de próstata permite a detecção precoce e a cura desta doença. Por isso, campanhas de esclarecimento promovidas pelo Sistema Público de Saúde e amplamente divulgadas pela Sociedade Brasileira de Urologia e pela mídia difundiram a informação que todo homem com mais de 50 anos (em alguns casos, após os 40 anos) precisam consultar o urologista anualmente para se proteger contra o câncer de próstata. Apesar disso, muitos homens relutam em consultar o médico urologista pelo receio de que tenham que se submeter ao toque retal.
Mas por que isso é necessário? Será que com toda evolução tecnológica da medicina atual este exame ainda precisa ser feito? Não há um exame que substitua esse toque?
Essas perguntas são repetidas insistentemente por todos os que consultam os urologistas. As respostas são curtas e secas: é necessário por que é o melhor exame; ou então o toque faz parte do exame físico. Na verdade, as razões que levam as pessoas a ter receio de se submeter ao exame vão desde questões simplesmente culturais até o medo de descobrir mesmo uma doença e ter que se tratar. Todavia, quando recebem explicações mais detalhadas sobre o toque retal, todas as pessoas que consultam o urologista vencem facilmente qualquer constrangimento e não se incomodam mais em serem examinadas. Porque não posso simplesmente fazer um exame de sangue ou uma ultra-sonografia?
Na fase em que a doença pode ser curada não ocorrem manifestações clínicas. Porém ausência de sintomas não representa ausência de doença. O tumor inicial é muito pequeno para provocar desconforto nos indivíduos. Se esperarmos o crescimento do tumor a ponto de produzir sintomas, perderemos a oportunidade de curar o câncer da próstata. Por isso é necessário procurar pelos primeiros sinais que o câncer de próstata produz, antes que ele se manifeste. Quando o tumor é muito pequeno, os métodos de diagnóstico por imagem não são capazes de distinguir claramente o tumor do tecido normal. Com freqüência, o exame diz que não existe tumor, mas ele está presente. Outras vezes o exame sugere que existe um problema, mas na realidade é apenas uma inflamação. Tumores pequenos são identificados corretamente pela ultra-sonografia em menos de 50% dos casos. Um exame mais sensível para a detecção do tumor na fase inicial é a dosagem do antígeno prostático específico (PSA de prostatic specific antigen). O PSA é uma substância produzida na próstata para ser eliminada junto com o sêmen. Tem a finalidade de ajudar o espermatozóide no processo de fecundação. As taxas de PSA no sangue geralmente são baixas, muitas vezes inferiores a 2,5 ng/dl. As células cancerosas produzem uma quantidade maior de PSA que as células normais. Assim, se fizermos a dosagem do PSA no sangue e encontrarmos valores superiores a 2,5 ng/dl em alguns casos, ou superiores a 4,0 ng/dl em outros, poderemos estar diante de um câncer de próstata. Porém, não é somente o tumor maligno que é capaz de aumentar o PSA. O tumor benigno (hiperplasia de próstata) e a infecção (prostatite) também produzem mais PSA e podem confundir o diagnóstico. O câncer de próstata também causa um endurecimento dos tecidos que adquirem a consistência de pedra. Somente o câncer tem esta característica. Além disso, o local mais freqüente em que o tumor se origina é na região periférica da glândula, próxima ao intestino reto. Por isso, o toque retal é o exame mais sensível para detectar o tumor quando ele ainda está pequeno. Ao tocar na próstata, através do reto, o urologista consegue sentir a área endurecida. Pode-se afirmar que se três médicos examinarem cem pacientes com câncer de próstata utilizando isoladamente somente um recurso, aquele que solicitar somente uma ultra-sonografia identificará corretamente cerca de 50% dos casos. O que se utilizar somente o PSA, identificará 70 a 90% e aquele que se valer somente do toque retal, 80 a 95%. Para garantir maior segurança no exame preventivo a melhor opção é a realização do PSA e do toque retal em conjunto.
O toque retal é dolorido?
O médico deve fazer o exame delicadamente para não provocar dor no paciente. Normalmente, o toque é feito com o dedo indicador, revestido por uma luva de plástico ou de látex, adequadamente lubrificado. A dor só ocorre se o paciente já tiver um problema na região do ânus. Porém, mesmo assim, é mínima. A sensação de dor é afetada por problemas psicológicos. Normalmente, a pessoa que sente medo do exame, refere mais dor. Porém, a maioria das pessoas, depois de devidamente esclarecida sobre o exame pelo seu médico, fica tranqüila e refere que o toque retal é muito mais simples do que lhe parecia. Mesmo na presença do câncer, o toque retal não dói.
O que o urologista quer saber, ao fazer o toque retal?
Ao fazer o exame, o médico procura identificar a próstata, que fica logo à frente do intestino reto. Ele avalia o tamanho do órgão, seus limites e características anatômicas habituais. A próstata normal tem consistência macia (como a da ponta do nariz), limites precisos e um sulco na região mediana, que a divide em dois lobos laterais (direito e esquerdo). O tamanho é equivalente ao de uma noz. Quando há hiperplasia benigna, a próstata cresce mas preserva sua consistência e seus limites continuam fáceis de identificar. Se existir um tumor, o urologista pode sentir uma região (nódulo) com a consistência bastante endurecida (pétrea) e identificá-lo quando ainda é curável (pequeno). Neste caso, ele poderá indicar a realização de uma biópsia de próstata para confirmação da suspeita. Com tumores grandes, toda a próstata fica endurecida e seus limites ficam difíceis de identificar. Quando o toque retal é feito anualmente, a partir dos 50 anos, o médico identifica a doença quando ela ainda é apenas um nódulo e tem todas as chances de cura. Se o exame é adiado, para quando os sintomas surgem, a doença será identificada apenas quando for tarde demais.
Fonte: Sociedade Brasileira de Urologia.
Site Cada Dia Net.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pela excelente matéria esclarecedora. Infelizmente temos muito preconceito em relação a este exame. Muitos homens não se permitem serem tocados e padecem com as consequências de serem acometidos com um câncer.